[Passageiro #73] Até quando vamos trabalhar em troca de visibilidade? 🤡
Sobre trabalhar de graça para a grande mídia; sobre não precisarmos mais da grande mídia; sobre newsletters como literatura.
A newsletter Passageiro é gratuita e enviada sempre às terças-feiras, porém, ao assinar o Clube Passageiro você tem direito a benefícios exclusivos – incluindo workshops mensais e uma comunidade no Telegram para fazer networking e trocar ideia com outros produtores de conteúdo.
🎧 Para ler ouvindo1: Sympathy For The Devil, por The Rolling Stones.
1.
É válida a permuta para quem está começando. Disso não discordo.
Escrever de graça para criar casca e portfólio.
Já fiz muito isso.
Mas e quando esse ciclo acaba? – ou deveria acabar?
🤡
2.
No meu caso, eu genuinamente achei que acabaria em novembro de 2020 quando Nômade Digital foi um dos cinco finalistas do Prêmio Jabuti na categoria Economia Criativa.

Adivinha só?
Não rolou.
🤡
3.
Se você der uma olhada rápida no meu perfil no LinkedIn verá que fui/estou(?) colunista em grandes veículos.
Sabe o que essa turma tem em comum?
Exceto pelo jornaleco (o maior do país; começa com “Folha” e termina com “de S.Paulo”) que me pagava a fortuna de (vocês estão preparados???) R$ 100 por texto (me pagavam essa BARBARIDADE porque queriam exclusividade), em todas essas outras maravilhosas OPORTUNIDADES (hahahaha) trabalhei de graça; 0800, free de pagamento.
A diferença para o que faço hoje nessa newsletter é 1) não tenho chefe; 2) vocês conseguem ler meus textos (não há paywall); 3) posso falar sobre qualquer assunto e 4) qualquer centavo que entra aqui vai para o meu bolso.
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4.
Tem mais:
Nós, que escrevemos na internet, que produzimos conteúdo nas redes sociais, estamos tão obcecados em crescer a nossa marca pessoal, em gravar nossos nomes nas cabeças da pessoas, que divulgamos nossas produções publicadas em terreno de terceiros como se não houvesse amanhã, como se nossa visibilidade dependesse única e exclusivamente disso.
Eu adoraria linkar aqui um texto que escrevi e publiquei em 2022 num jornaleco sobre a minha viagem para o Vietnã, mas aparentemente a minha visibilidade não é gratuita para o leitor.
Quer saber? Leia no meu blog.
🤡
5.
2022 foi um ano em que fui feito de bobo em troca de visibilidade.
Além desse rolê aí do jornaleco, fui convidado para palestrar em um TEDx, o ponto alto na carreira de qualquer palestrante.
Pois bem, fiquei mais de um mês focado nisso, me preparando – afinal, quanta visibilidade, né? – , chegou o grande dia e, apesar de uma ou outra falha técnica por parte da produção, entreguei o que me foi pedido.
O vídeo, aquele? Nunca vi. Ninguém nunca viu. Nunca foi ao ar. Mas trabalhei igual.
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6.
2022, na real, me mostrou que, por mais que lá no fundo eu ainda espere aquele e-mail de alguém da grande mídia me convidando pra qualquer coisa, eu não preciso dessa turma – comecei a me alimentar dos “nãos” que recebi.
Quando o jornaleco não quis publicar mais as minhas crônicas de viagens, criei essa newsletter. Quando nenhum jornaleco quis apostar na minha ideia de cobrir os Jogos Olímpicos de Paris, fui atrás de credenciamento e consegui fazer isso por conta própria, sem intermediários que me ofereceriam visibilidade em troca do meu trabalho – que vai ser foda, sério, vai ser foda só de raiva.
Esses “nãos” me deram a liberdade de fazer as coisas do meu jeito; como eu sempre fiz. E, se entrar alguma grana, vai toda para o meu bolso; não para os bolsos de algum engravatadinho da Faria Lima.

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7.
Tenho recebido um elogio aqui e outro ali sobre os rumos que a newsletter tem tomado. Principalmente após a edição em que visito a casa de José Saramago nas Ilhas Canárias. Uns mais exagerados sobre como “reinventei” o uso do e-mail, outros mais contidos sobre como, aparentemente, consigo relacionar o que vivo nas viagens mundo afora com o cotidiano de uma cidade pequena no Brasil; sou de Imbituba, Santa Catarina, pouco mais de 40 mil habitantes.
Dito isso, fico pensativo com um post de
, a cabeça por trás de , a newsletter mais literária deste Substack:Passageiro, o livro, está quase pronto para ver a luz do sol em uma dessas escolhas em que ganho mais com visibilidade do que com dinheiro na conta.
Se o livro será bem recibo pelo público e pela crítica eu não sei, mas algo é certo: vou ganhar mais dinheiro com a newsletter.
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👨🎓 Cursos com inscrições abertas
✍️ Escrita Criativa
(apenas 12x de R$ 58,16)
Aulas gravadas; acesso vitalício. Informações aqui.
🎒 Escrita de Viagem
(apenas 12x de R$ 39,62)
Aulas gravadas; acesso vitalício. Informações aqui.
🧠 Para ler, assistir e ouvir
Voltei de férias há pouco e ainda não tive a oportunidade de consumir muitas coisas, porém, vamos lá: estou lendo A luta (comecei a treinar boxe 👀), por Norman Mailer, o pai do jornalismo literário; Chicano Batman está de volta com o álbum Notebook Fantasy; Bebê Rena pode ser uma série pesada para algumas pessoas por conta de alguns gatilhos, mas particularmente, gostei muito.
🗣 Call to action aleatória para gerar engajamento
Eu tô redondamente enganado ou quem CRIA não depende mais de jornalecos, editoras e afins? Sei lá, me parece que eles precisam mais da gente do que nós precisamos deles. Vamos começar uma revolução ou o quê? 🔥
Trabalhei para editora globo, se eu te contar os valores por texto que eu recebia... notícia 50 pila, pauta especial - ESPECIAL - 75 pila.
Uberização do jornalismo e todas as profissões
Eu nem uso a monetização do Substack (ainda), mas essa autonomia é um dos motivos de eu gostar tanto dessa plataforma. É muito triste as pessoas ainda não reconhecerem o trabalho de gerar conteúdo como algo que deve ser remunerado :( E fiquei muito surpresa do seu TEDx não ter sido disponibilizado! Achei que eles tinham alguma política de sempre compartilhar todo o conteúdo, mas algo deve ter mudado.