Olimpíadas #10 – O hexa é questão de tempo – e sem Neymar

A areia artificial da arena mais bonita do mundo dá lugar ao gramado sintético do futebol de cegos; e o Brasil é o grande favorito ao ouro; pela sexta vez.

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Será a última turma de 2024 – e não, não é “gatilho da escassez”.

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🎧 Para ler ouvindo¹: The Game of Love, por Daft Punk.

✍️ Por Matheus de Souza

🗼 Eiffel Tower Stadium

📍 PARIS, FRANÇA

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1.

Pouco importa que o mar esteja a 170km do centro da capital francesa, que a areia seja de mentirinha – e feita sob medida para não grudar no corpo dos atletas –, que ambulantes não ziguezagueiem pelas arquibancadas oferecendo cerveja, pipoca e milho cozido: dos grandes acertos dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos de Paris, o Eiffel Tower Stadium, nome da emblemática arena provisória do vôlei de praia que em alguns dias dará lugar ao gramado sintético do futebol de cegos, talvez tenha sido o maior deles.

À medida que o sol se põe em Paris, a experiência no Eiffel Tower Stadium transcende o esporte e o que acontece em quadra vira um mero detalhe. O DJ vai criando o clima entre um ponto e outro, a torcida primeiro levanta os braços e faz a ola mexicana, depois bate os pés nos degraus fazendo a estrutura metálica de quarenta metros de altura balançar, a brasileira Ana Patrícia aponta o dedo em direção ao rosto da canadense Brenda Wilkerson, princípio de treta que é contido pelo DJ; ele põe Imagine, de John Lennon, para tocar, arrancando sorrisos não apenas dos torcedores, mas também das atletas. E aí tudo de novo. O clima, a ola mexicana, os pés que fazem a arquibancada tremer.

2.

O momento mais apoteótico acontece às 22h em ponto.

Os refletores são apagados e luzes estroboscópicas com as cores da bandeira francesa iluminam a areia artificial do Eiffel Tower Stadium. Azul. Branco. Vermelho.

Silêncio. Silêncio de treze mil pessoas filmando o momento com seus celulares. Uma contagem regressiva. Dez. Nove. Oito. Sete. Seis. Cinco. Quatro. Três. Dois. Um.

A Torre Eiffel está iluminada. E ela pisca. Pisca como uma árvore de natal.

Os refletores são acesos novamente e as luzes estroboscópicas são apagadas. E aí tudo de novo. O clima, a ola mexicana, os pés que fazem a arquibancada tremer.

3.

O futebol de cegos (também conhecido como futebol de cinco) é exclusivo para cegos ou deficientes visuais – os goleiros, no entanto, tem visão total; mas não podem ter participado de competições oficiais da Fifa nos últimos cinco anos.

Os atletas são divididos em três classes que começam sempre com a letra B (de “blind”, “cego” em inglês). 

Nos Jogos Paralímpicos, porém, competem apenas os da classe B1.

• B1 - Cegos totais ou com percepção de luz, mas sem reconhecer o formato de uma mão a qualquer distância;

• B2 - Atletas com percepção de vultos;

• B3 - Atletas que conseguem definir imagens.

4.

Diferentemente de um estádio convencional, as partidas do futebol de cegos são silenciosas; o motivo é que os atletas se guiam pelo barulho dos guizos internos da bola.

Dessa vez, a experiência para os torcedores no Eiffel Tower Stadium será um pouquinho diferente: o clima, a ola mexicana e os pés que fazem a arquibancada tremer são permitidos apenas na hora do gol.

E de gol a seleção brasileira entende: desde que o futebol de cegos tornou-se um esporte Paralímpico, o Brasil levou o ouro em todas as edições (Atenas 2004, Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2020).

O hexa é questão de tempo. E sem Neymar.

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🗓️ Agenda: rumo ao hexa 🥇

O Brasil faz a sua estreia no próximo domingo (01/09) contra a Turquia, às 9h30 (horário de Brasília), com transmissão dos canais sportv (ou seja, apenas na TV por assinatura, o que é uma lástima – para não dizer outra coisa). Os próximos adversários dos brasileiros na fase de grupos serão França (02/09; 15h30) e China (03/09, 13h30). As semifinais acontecerão no dia 05/09 e a disputa do bronze e da grande final no dia 07/09, na despedida da arena mais bonita do mundo, que será desmontada após os Jogos Paralímpicos.

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