20 Comentários

Essa é a grande tentação dos viajantes e da sociedade globalizada - vide ONU! Quando estava na Indonésia muçulmana, não era incomum vermos cachorros enjaulados - são considerados impuros para a religião. Minha amiga alemã, incrédula com um especialmente maltratado e acorrentado, começou a gritar com o dono do cão e, inclusive, com a gente, por estarmos sendo "coniventes" com aquilo. É realmente um tema muito espinhoso, porque não compete a nós interferir ali e "ensinar" o melhor. Essa postura é extremamente colonialista, inclusive. Talvez quem tenha estudado direito (e principalmente direitos humanos) tenha uma inclinação maior para interferir, mas acho que faz bem deixarmos de lado a posição de "juízes da verdade", do "bem e do mal" (contém ironia) de lado, e nos abrirmos para observar, conversar, ouvir... na maioria das vezes, é o que fazemos de melhor!

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Uau! Que depoimento. Faz total sentido o que você escreveu, Julia. Muito obrigado pela contribuição e por compartilhar a sua experiência!

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Não interferir no modo de viver de outras culturas é realmente uma grande dificuldade, mas, acima de tudo, uma grande necessidade. Cada cultura é única e não podemos ignorar essas diferenças. Sim, há questões que podem nos ferir de forma pessoal e mesmo gerar indignação, mas precisamos colocar um filtro nisso, até porque não somos o umbigo do mundo, rs.

Gostava muito da postura do Bourdain nesse sentido. Observar, interagir, conhecer, se relacionar, mas não interferir. Vou dar uma olhada nas referências que você passou.

Abraço!

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Cara, é difícil demais lidar com esse sentimento, mas é isso. É praticamente uma questão de humildade – no sentido de não se achar melhor do que o outro.

Muito obrigado pelo comentário!

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Como eu sempre venho comentando nos seus textos, viajo enquanto os leio. Parado.

Essa questão de interferir na cultura local deve ser bem delicada, porque, como sabemos, o nosso povo também é avesso às opiniões dos "gringos". Acredito que esse comportamento não seja exclusividade de países com culturas exóticas, até porque esse exotismo é um ponto de vista nosso.

Sua viagem de despedida do nomadismo não me assusta, pois, sua narrativa é tão boa que até uma ida à padaria para comprar pão, vai prender nossa atenção tanto quanto esses textos prendem.

Sobre a comida apimentada, eu gosto bastante, mas já sofri com o exagero também, mas, nesse caso, o excesso foi cometido por mim.

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Cara, demorou, mas acho que me acostumei ao papel de observador – coisa que até pouco tempo eu achava de gente que fica em cima do muro.

E, pô, obrigado demais pelo feedback sobre a narrativa. Fico muito feliz em saber disso. Grande abraço! E cuidado com a pimenta haha :)

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Valeu! hahaha

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Cara, você desencavou esse documentário que mantenho na lista p/ assistir há algum tempo e havia até me esquecido... Lembrete precioso! Nunca fui para Koh Phangan... Mas, com os seus relatos, dá vontade. Já foi p/ lista tb kkk

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Hahaha! Cara, DUVIDO você não chorar com esse doc. Assisti três vezes e chorei em todas. Obrigado pelo comentário, meu caro!

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Amei os textos dessa news! =) E já fui no link do livro sobre o Anthony Bourdain pra ler! Sou muito fã do modo de observação e narrativa dele e vejo muito disso no seu jeito de olhar o mundo também. Tenho muita vontade de conhecer Koh Phangan somente pelos seus relatos. Um dia rola, com certeza! E sobre comida apimentada, gosto daquele apimentado de levinho, sem matar a gente de suor, desespero e vergonha haha

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Ah, que legal, Regina. Imagino que você irá gostar muito do livro – devorei em três dias.

Sobre KP, rola sim! Joga no universo.

Obrigado pelo comentário!

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Mais um ponto de vista irado. Você curte o trabalho da Joan Didion? Lendo seu texto só conseguia pensar no trabalho dela e em como ela passou a vida sendo uma “turista”.

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Pô, eu curto DEMAIS. No tipo de literatura que tenho tentado fazer, ela é uma grande inspiração. Fico feliz que o texto tenha gerado essa conexão. Muito obrigado pelo comentário, meu caro!

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Bah, essa newsletter deixou a gente muito pensativo, pois pegou em um ponto que tem sido emblemático (e até desafiante) em nossa jornada nômade: presenciarmos situações que conflitam com os nossos valores, mas respeitar as escolhas e decisões dos indivíduos e comunidades, como a poluição aqui das praias da sua Imbituba, como comentamos em outra edição. Isso incomoda muito, mas é a escolha da comunidade. Nós optamos por respeitar, mas não é tarefa fácil.

Já quanto às pimentas, o respeito se faz muito necessário! Hahahahaha Uma vez estávamos em um restaurante em Porto Seguro. Nossa primeira vez lá. Nossa primeira vez em contato com a famosa pimenta baiana. Sabedor da fama dela, o Rafael colocou um pouco da pimenta em um pedaço de peixe. Efeito imediato: ele deu um tapa no garfo que a Paula levava à boca para impedi-la de engolir uma enorme quantidade de pimenta que estava prestes a causar um estrago nela. Hahahahahahaaha E ele se botou a comer de colherada o arroz que estava ao seu lado enquanto gritava entre uma bocada e outra: “água”, “água”! Hahahahahaha

Também não foi uma cena instagramável! Hahahaha

Atualmente o Rafael come pimenta como um nortista (aprendeu com um manauara a lidar com elas) e a Paula anda bem mais comedida. Hahahahahahaha

Abração, amigo!🙏🏿💚

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Puts, imagino. E tem muito imbitubense que coloca a culpa da poluição nos turistas, acredita? Acho que o caso mais emblemático da cidade é a Lagoa da Bomba – poluída desde que eu era criança.

Hahaha! Adorei a história sobre a pimenta baiana. Provei uma vez e realmente é bem forte. Aqui na Tailândia muitas delas são apenas para dar um sabor, um gostinho a mais, não devemos comê-las – tive um acidente assim que estará no livro haha

Muito obrigado pelo comentário, meus amigos! Grande abraço!

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Comida apimentada é foda. Gosto muito, mas pede mais juízo do que eu acho ter. A segunda parte do ciclo sempre é sofrida

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Hahaha! Boa, Lucca! Obrigado pelo comentário!

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Estou no começo da minha vida nômade (de 4 a 6 meses, dependendo do critério a adotar) e o sentir-se em casa é um dos temas que mais me fascinam. Se eu não tenho casa, onde estou é minha casa, então em tese sou tão morador quanto qualquer outro. Mas minha presença ali é muito efêmera. Em breve estou de saída e o que acontecer ali não caberá mais a mim. De qualquer forma, em todas as áreas da minha vida sempre procurei adotar a postura de observador (e o jornalismo me ajuda muito nisso) e menos o de julgador. Espero manter essa postura. Aliás, Cuba e o Cameraman é excelente, foi um dos primeiros documentários que vi na Netflix. Preciso consumir mais sobre Bourdain, que você tanto cita.

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"Em breve estou de saída e o que acontecer ali não caberá mais a mim". Adorei isso aqui. Eu sempre me pego pensando nisso quando o assunto é política. A Tailândia, por exemplo, é uma monarquia constitucional que, nas últimas duas décadas, tem alternado entre breves períodos de democracia, manifestações populares antigovernamentais e golpes militares. São questões bastante complexas que mesmo que eu leia sobre, tente me informar e me sinta em casa no país, não caberão mais a mim em alguns meses; diferente dos tailandeses, esses sim os locais, que seguirão tendo que lidar com essas complexidades.

PS: Também foi um dos primeiros documentários que vi na Netflix. Acho que já assisti umas três vezes – e chorei em todas.

PPS: Sobre o Bourdain, esse é meu livro favorito dele: https://amzn.to/3mSpow8 - dos programas, gosto bastante do "Parts Unknown", da CNN, que é mais bem produzido e não foca só na comida dos lugares; mas aborda também temas políticos e sociais dos países.

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Total, me peguei muito pensando nisso no mês que passei na Hungria de Orbán. Pretendo abordar isso no texto que estou fazendo sobre os dias lá (e essa reflexão contigo me ajudou a pensar em algumas coisas). Obrigado pelas dicas do Bourdain!

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