[Passageiro #52] Quatro estações, um motivo, um caminho
A newsletter Passageiro completa 1 ano sem furar 1 semana; o que vem por aí.
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Para ler ouvindo2: One More Year, por Tame Impala.
1.
Kolmanskop, cidade fantasma enterrada no coração do deserto da Namíbia, é uma lembrança empoeirada da passagem do tempo. Fundada por mineradores alemães no auge da febre dos diamantes, Kolmanskop foi, até meados dos anos 1950, um oásis de riqueza e extravagância no meio do nada.
Em 1908, o ferroviário namibiano Zacherias Lewala removia alguns trilhos da ferrovia em meio às dunas de areia quando encontrou uma pedra brilhante. Ao levar o objeto para seu empregador, um alemão, a constatação: tratava-se de um diamante.
Lewala não foi recompensado financeiramente pelo achado, mas, ainda que sem querer, foi responsável pelo desenvolvimento da região; em 1912, Kolmanskop tornou-se uma enorme área de garimpo que chegou a representar 11,7% de toda a extração de pedras preciosas do mundo na época.
O deserto árido viraria um luxuoso poço de dinheiro. Não para os nativos, que haviam sido trucidados quatro anos antes pelos colonizadores alemães, mas para a elite responsável pelo genocídio de cerca de 60 mil Hereros, o povo originário daquelas terras ricas em diamantes.
Os nativos que sobreviveram ao massacre e que antes trabalhavam nas ferrovias tornariam-se a mão de obra das minas; não por vontade própria, evidentemente; foram escravizados.
O sonho do diamante, entretanto, não duraria para sempre. No fim da década de 1920 o local mostrava sinais de que estava esgotando seus recursos naturais.
Àquela altura, muitos ricaços do garimpo migraram para regiões mais ao sul do país. A debandada fez com que diversas casas e bens fossem deixados para trás.
Anos mais tarde, em 1956, Kolmanskop já estava completamente deserta. Hoje, graças às constantes tempestades na região, corre o risco de voltar a ser o que era: uma pilha de areia em meio ao deserto da Namíbia.
2.
Passageiro
substantivo masculino
Pessoa que usa um meio de transporte; quem é transportado de um lugar para outro por um veículo (público ou particular).
adjetivo
Que passa rapidamente, de curta duração; breve, momentâneo.
Como contei na 11ª edição, eu estava na Tailândia, em 2020, primeiro ano da pandemia, quando tive a ideia do título do meu próximo livro; que viria a ser também o nome desta newsletter. Em uma das várias idas e vindas de motinho entre meu bangalô e o Pum Pui, meu então restaurante favorito em Koh Phangan, The Passenger, do Iggy Pop, começou a tocar nos fones de ouvido e pensei: é isso!
Gosto do fato de a palavra ter dois significados (um substantivo e um adjetivo) que tenham a ver com a temática principal do que escrevo.
E, se o clássico do vocalista dos Stooges deu o título, The Slow Rush, álbum conceitual do Tame Impala sobre a passagem do tempo, deu o tom; foi meu álbum mais ouvido em um ano que demorou a passar.
Muitas das letras do álbum tratam de como pessoas e lugares mudam à medida que o tempo passa. Kevin Parker (o Tame Impala é uma banda de uma pessoa só) usa The Slow Rush como um meio para refletir sobre a sua própria vida, suas escolhas e experiências, explorando falhas e desejos em um trabalho bastante introspectivo.
3.
As artes de The Slow Rush foram criadas pelo fotógrafo Neil Krug em uma viagem com Parker para Kolmanskop, a cidade fantasma enterrada no coração do deserto da Namíbia.
Há algo de familiar – e sobrenatural – nessas imagens que capturam perfeitamente o tom nostálgico e psicodélico da música de Parker.
4.
A newsletter Passageiro, que teve início como projeto há 52 semanas como uma forma de compartilhar o solitário processo de escrita do meu próximo livro, tornou-se, aos poucos, uma exploração sobre o sentido da escrita, das viagens e da passagem do tempo.
Passageiro chega em sua 52ª edição sem pular 1 semana sequer. Houveram os momentos de bloqueio criativo, de preguiça, de falta de tempo, de não ter o que dizer e ficar insatisfeito com o texto enviado aos leitores, mas há 52 semanas mantenho o compromisso de sentar a bunda na cadeira e clicar em “publicar”.
Pessoas mudam à medida que envelhecem e um dia não estarei mais aqui, o que me leva a acreditar que talvez a newsletter Passageiro cumpra o sentido literal do seu significado como adjetivo e torne-se uma espécie de Kolmanskop até que o próprio Substack deixe de existir e essas 52 semanas em que cliquei em “publicar”, assim como as próximas, sumam como poeira.
Até lá, enquanto eu tiver um motivo, um caminho, seguirei escrevendo nas quatro estações. Que venham as próximas 52 semanas.
🗓️ O que vem por aí
🧳 Clube Passageiro
Confira a agenda dos próximos workshops exclusivos para assinantes pagos da newsletter:
Outubro/2023: dia 26, 18h 🇧🇷, workshop Como não desanimar e manter a constância em seus projetos 👊;
Novembro/2023: dia 30, 18h 🇧🇷, workshop Como criar uma newsletter de sucesso 💌;
Dezembro/2023: dia 14, 18h 🇧🇷, workshop LinkedIn para criadores 💼;
Janeiro/2024: dia 25, 18h 🇧🇷, workshop O processo de escrita de um livro de não ficção ✍️.
💰 Mentoria Monetize
A partir da próxima semana oferecerei mentorias individuais para criadores que desejam monetizar o seu conhecimento. Serão 5 encontros de 1h cada em que criaremos juntos um plano de ação para você ganhar dinheiro na internet através de um infoproduto ou serviço. Como é um trabalho que exigirá bastante de minha agenda, abrirei, neste primeiro momento, apenas 5 vagas. Responda com o emoji do saquinho de dinheiro (💰) para ser informado(a) em primeira mão quando as vagas estiverem abertas.
🎁 Programa de Recompensas
Agora você pode ganhar recompensas ao indicar a newsletter Passageiro. Saiba mais e tenha acesso ao seu link exclusivo de divulgação aqui.
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🧠 Para ler, assistir e ouvir
O WordPress lançou um plano de 100 anos para que os sites e blogs hospedados na plataforma fiquem no ar por mais um século após a morte dos seus donos. O preço? A bagatela de R$ 175 mil.
Essa seria a minha estratégia caso eu começasse hoje no LinkedIn.
Estou lendo o romance A resistência, do Julián Fuks, e fiquei encantado com a narrativa.
Bem legal a série sueca Som na faixa, da Netflix, sobre a criação do Spotify.
Essa versão acústica do Alex Turner, dos Arctic Monkeys, para Feels Like We Only Go Backwards, do Tame Impala, é um espetáculo.
Saiu! 12 anos depois, um álbum do blink-182 com Tom DeLonge. ONE MORE TIME… superou as expectativas.
🗣 Call to action aleatória para gerar engajamento
O que te impede, hoje, de manter a constância nos seus projetos pessoais?
✍️ Notas de rodapé
O Clube Passageiro é uma comunidade que se encontra uma vez por mês para papear sobre escrita, produção de conteúdo, monetização, livros e viagens – em bate-papos via Google Meet com duas ou mais horas de duração. Assine com 30% de desconto para participar dos próximos workshops e ter acesso ao nosso grupo fechado no Telegram.
Esse texto ficou muito bem amarrado. Deu uma volta na mente. Me senti na série Dark, com tudo sendo ligado no final. Hahaha. Parabéns!
Minha maior dificuldade é de ter uma expectativa de querer transformar todos os projetos em algo monetizável - se trantando que estamos na economia criativa - e deixando de realizar os projetos por puro prazer e de se testar criativamente, como quando éramos crianças.