Essa questão dos pronomes é um problema até em textos técnicos... claro que não se usa o "eu", mas há alguns que preferem a terceira pessoa simples (Fizemos em tal data....) e outros, a voz passiva (Foram feitos em tal data...). Dependendo da situação, ambos ficam bem estranhos no contexto... Creio que você terá muitas dúvidas com isso (eu teria) e talvez, terá que fazer uma escolha por um ou outro em algum momento. Sem olhar pra trás depois...rsrsrs
Lembrei de um colega que dizia ficar muito incomodado com o Pelé, pois ele sempre se referia a ele mesmo na primeira pessoa do plural. O que, convenhamos, lembra muito os reis franceses (Luises diversos) que se referiam a si mesmos como "nós"... será que em outros idiomas soa tão estranho assim?
Ficam bem estranhos mesmo hehe. Gostei do exemplo!
Sobre o Pelé/Edson, eu sempre achei bizarro essa espécie de separação entre PF e PJ que ele fazia, mas olhando hoje em dia, acho que faz até sentido haha.
Quanto aos outros idiomas, taí uma boa curiosidade. Vou pesquisar sobre.
1. dia 15 de março é meu aniversário 👀 sempre gosto quando aparece em um filme / série (aniversário do michael scott no the office) e, agora, newsletter
2. são petersburgo é linda demais mesmo! histórias boas do mês que passei por lá
3. pensar em celulares como forma de se guiar no tempo é um conceito engraçado para marcar temporadas da vida
4. pechincha é uma palavra excelente
5. vai ser um prazer trocar ideias com o pessoal do clube passageiro no dia 29!
Gustave Courbet retratou Johnny Depp antes mesmo de ele existir, ou ambos são a mesma pessoa, viajando pelo tempo?
rs
Acredito que essa busca incessante por definir o "eu" não é um problema exclusivo seu, Matheus.
Ao longo da vida nós planejamos muito, executamos muitos planos, mas mesmo assim a vida não tem script. Vez ou outra precisamos parar para pensar, voltar para a base e rever o caminho já percorrido. O problema é saber quando parar...
Sempre que falo sobre vida lembro do Antônio Abujamra perguntando ao Clóvis de Barros Filho: "Clóvis, o que é a vida?"
Mais um texto primoroso! Parabéns e muito obrigado pelo deleite!😃
Existe também outra perspectiva: a de quem nos conhece e como nos conheceu.
Nós também fizemos transição de estilo de vida e de carreira. Antes tínhamos um estilo tradicional de viver a vida: casa, carro, trabalho presencial e amigos de infância e da faculdade e familiares por perto. Agora não temos casa fixa, não temos carro, o trabalho é on-line, modo pelo qual nos mantemos conectados com a família e os amigos.
Para os que nos conheceram no estilo tradicional, a Paula é a advogada e o Rafael é o professor. Para os que nos conhecem durante o atual ciclo nômade, nós somos a Paulinha e o Rafa.
Engraçado isso. O seu texto fez a gente se dar conta de que não somos tratados como o casal nômade ou o casal da agência de marketing digital. Só Paulinha e Rafa. E esse tratamento surgiu ao natural, a partir de como nos portamos com os outros, acreditamos que essa seja a razão.
Não temos a pretensão de colocar um ponto final ou de indicar um caminho para essa reflexão que seu texto trouxe. Longe disso. Mas talvez a nossa “marca” esteja vinculada em como nos relacionamos com os outros. Quando o Rafael se apresentava como Professor Rafael e a Paula como Dra. Paula, assim, com as iniciais maiúsculas, como incorporando a carreira ao nome, criamos uma identidade nossa para os outros, mesmo que essa não fosse a intenção. E, para as relações dessa época, somos conhecidos pelas carreiras.
Preferimos o modo como somos conhecidos hoje. A gente se sente livre da prisão dos rótulos profissionais.
Como te acompanhamos há um bom tempo, ousaríamos dizer que 90% da sua audiência te conheceu quando você era nômade. Para eles talvez você seja sempre o nômade ou, como a gente te descreve quando te citamos como a principal referência na nossa vida nômade, “o Matheus, um escritor brasileiro que foi nômade e que agora mora em Paris”. Portanto, talvez não se trate de construir uma nova “identidade”, mas sim de seguir fazendo o seu belo trabalho para atrair um novo público que um dia se referirá a você como “o Matheus, o escritor do O Passageiro”. Ao natural.
E aí, seguindo esse raciocínio, talvez a questão não seja o pronome, mas sim o verbo: eu fui/sou, ele foi/é. Tudo depende da época ou de quem fala.
Casal, faz muito sentido. No meu caso fica difícil me desvincular do rótulo porque eu escrevi um livro cujo título é literalmente "Nômade Digital" hahahaha. Porém, sigo aqui lutando para ser só "o escritor".
Genial a complementacao do refluxado do Mathue. Do como somos referenciados e conhecidos, reverbera na gente. Muitas vezes nossa identidade acaba vindo do outro, se nao paramos pra olhar pra dentro (ou comunicar oque de fato somos hoje). Enfim, grato pela complementação =)
Seu texto trouxe várias reflexões... Sinto que eu tive uns momentos de "virada" na vida , onde me senti meio perdida e triste (não gosto de mudanças rs).
Seja quando entrei na faculdade (e sai debaixo da "proteção" dos meus pais), quando sai de uma rep que morava com amigas, quando terminei a faculdade ou quando casei... E agora sinto que estou em um novo momento desse tipo. Aí fica aquele luto por coisas que vão, expectativa pelas que vem... Enfim.
Seu texto me fez pensar muito sobre isso. Excelente como sempre!
Mesmo escrevendo em terceira pessoa contos baseados na minha infância, ainda não tinha parado para pensar sobre o porquê desse uso do pronome. Algumas vezes comecei em primeira, me causou estranhamento, senti a necessidade de trocar. Muito bom encontrar uma explicação para o fenômeno :)
Massa Matheus! É uma eterna busca pela identidade e um eterno abandono do eu que deixou de existir...
Por outro lado, o que mais parece "engajar" hoje é falar de si mesmo, mesmo que este eu não tenha nada muito interessante para acrescentar! Estranho, hein! Escritores, em certas circunstâncias e contextos históricos quase sempre tinham um discurso extrínseco a si mesmo: ou escreviam pela literatura, propriamente dita, ou por uma causa, ou por uma ideologia, mas quase nunca pelo próprio "eu". Hoje isso é mais ou menos comum. Falar em primeira pessoa é um mantra e um carma ao mesmo tempo!
Chega-se ao ponto de um Karl Ove... Numa entrevista, ele disse que tinha uma meta: escrever cinco páginas todo dia sobre memórias aleatórias. Depois mandava todo aquele emaranhado (sem revisão, sem aparar nada...) para a prensa e era isso. (A esse processo ele colocou o nome de "estilo"...aí até eu né! - será que ele achou que isso é um tipo de "identidade"? Bom, a crítica, no meio desse mar de esgotamento, deve ter atirado pra esse lado, na falta de um nome, ou na falta de uma dificuldade de admitir que não é por aí que alguma coisa na literatura pode significar alguma coisa...) Quando eu li o primeiro livro do Minha Luta fiquei muito decepcionado. Pelo ponto de vista da literatura é pobríssimo, mas pelo ponto de vista do Marketing, riquíssimo!
Não tem muito pra onde correr hoje em dia, a não ser ocupar um nicho e mandar ver!
* Aqueles malucos do Glass Beams são os membros do Khruangbin de máscara, só podem ser! (Muito bom, tal qual o Khruangbin!)
Cara, sim. Acho que é porque as pessoas querem ver mais "gente como a gente", uma vez que as redes sociais e os influenciadores criaram esse negócio de compartilhar uma suposta vida perfeita em seus feeds.
Sobre o Karl, eu amo e odeio ele hahahah. Eu li todos os livros de "Minha Luta" e tem momentos incríveis ali, mas ao mesmo tempo cada uma das obras poderia ter pelo menos 200 páginas a menos hahaha.
E, cara, o som é muito parecido, né? Ainda mais pelo fato de também ser um trio haha.
"O rótulo de “nômade digital”, de certa forma, definiu a minha identidade durante esse período; tanto no pessoal quanto no profissional; ô louco, bicho! Fiz amizades por causa do nomadismo; ganhei e gastei dinheiro por causa do nomadismo."
O mais difícil quando a gente passa por uma mudança na carreira é que vc tem que mudar seu sobrenome junto. Antes era o Matheus, nômade digital. Agora vai ter que achar outra coisa pra preencher esse vazio. E talvez leve tempo para quem já te acompanha se acostumar com isso.
Pois é, Marcelo. Por enquanto seguimos aqui, em crise existencial, tentando colar o rótulo de "escritor" no lugar do ex haha. Obrigado pelo comentário, meu caro!
Essa questão dos pronomes é um problema até em textos técnicos... claro que não se usa o "eu", mas há alguns que preferem a terceira pessoa simples (Fizemos em tal data....) e outros, a voz passiva (Foram feitos em tal data...). Dependendo da situação, ambos ficam bem estranhos no contexto... Creio que você terá muitas dúvidas com isso (eu teria) e talvez, terá que fazer uma escolha por um ou outro em algum momento. Sem olhar pra trás depois...rsrsrs
Lembrei de um colega que dizia ficar muito incomodado com o Pelé, pois ele sempre se referia a ele mesmo na primeira pessoa do plural. O que, convenhamos, lembra muito os reis franceses (Luises diversos) que se referiam a si mesmos como "nós"... será que em outros idiomas soa tão estranho assim?
Ficam bem estranhos mesmo hehe. Gostei do exemplo!
Sobre o Pelé/Edson, eu sempre achei bizarro essa espécie de separação entre PF e PJ que ele fazia, mas olhando hoje em dia, acho que faz até sentido haha.
Quanto aos outros idiomas, taí uma boa curiosidade. Vou pesquisar sobre.
Obrigado pelo comentário, Vivian!
1. dia 15 de março é meu aniversário 👀 sempre gosto quando aparece em um filme / série (aniversário do michael scott no the office) e, agora, newsletter
2. são petersburgo é linda demais mesmo! histórias boas do mês que passei por lá
3. pensar em celulares como forma de se guiar no tempo é um conceito engraçado para marcar temporadas da vida
4. pechincha é uma palavra excelente
5. vai ser um prazer trocar ideias com o pessoal do clube passageiro no dia 29!
Nem acredito que você Tiago faz aniversário no mesmo dia da minha filha ❤️. Eu indico a sua newsletter pra todo mundo!
Hahahaha adorei o comentário. Té amanhã!
Gustave Courbet retratou Johnny Depp antes mesmo de ele existir, ou ambos são a mesma pessoa, viajando pelo tempo?
rs
Acredito que essa busca incessante por definir o "eu" não é um problema exclusivo seu, Matheus.
Ao longo da vida nós planejamos muito, executamos muitos planos, mas mesmo assim a vida não tem script. Vez ou outra precisamos parar para pensar, voltar para a base e rever o caminho já percorrido. O problema é saber quando parar...
Sempre que falo sobre vida lembro do Antônio Abujamra perguntando ao Clóvis de Barros Filho: "Clóvis, o que é a vida?"
Hahahhaa o pior é que parece.
Boa. Faz sentido. E essa entrevista é maravilhosa.
Obrigado pelo comentário, Ronaldo!
Talvez tenha me identificado com o que fui, o que sou e o que gostaria de ser. Tudo sendo visto de fora, por um terceiro (eu ri).
No mais, grazie mille pela indicação, por ler... e por escrever essa Newsletter =)
Eu que agradeço a generosidade de sempre, Rafa! Grande abraço!
Querido!
Mais um texto primoroso! Parabéns e muito obrigado pelo deleite!😃
Existe também outra perspectiva: a de quem nos conhece e como nos conheceu.
Nós também fizemos transição de estilo de vida e de carreira. Antes tínhamos um estilo tradicional de viver a vida: casa, carro, trabalho presencial e amigos de infância e da faculdade e familiares por perto. Agora não temos casa fixa, não temos carro, o trabalho é on-line, modo pelo qual nos mantemos conectados com a família e os amigos.
Para os que nos conheceram no estilo tradicional, a Paula é a advogada e o Rafael é o professor. Para os que nos conhecem durante o atual ciclo nômade, nós somos a Paulinha e o Rafa.
Engraçado isso. O seu texto fez a gente se dar conta de que não somos tratados como o casal nômade ou o casal da agência de marketing digital. Só Paulinha e Rafa. E esse tratamento surgiu ao natural, a partir de como nos portamos com os outros, acreditamos que essa seja a razão.
Não temos a pretensão de colocar um ponto final ou de indicar um caminho para essa reflexão que seu texto trouxe. Longe disso. Mas talvez a nossa “marca” esteja vinculada em como nos relacionamos com os outros. Quando o Rafael se apresentava como Professor Rafael e a Paula como Dra. Paula, assim, com as iniciais maiúsculas, como incorporando a carreira ao nome, criamos uma identidade nossa para os outros, mesmo que essa não fosse a intenção. E, para as relações dessa época, somos conhecidos pelas carreiras.
Preferimos o modo como somos conhecidos hoje. A gente se sente livre da prisão dos rótulos profissionais.
Como te acompanhamos há um bom tempo, ousaríamos dizer que 90% da sua audiência te conheceu quando você era nômade. Para eles talvez você seja sempre o nômade ou, como a gente te descreve quando te citamos como a principal referência na nossa vida nômade, “o Matheus, um escritor brasileiro que foi nômade e que agora mora em Paris”. Portanto, talvez não se trate de construir uma nova “identidade”, mas sim de seguir fazendo o seu belo trabalho para atrair um novo público que um dia se referirá a você como “o Matheus, o escritor do O Passageiro”. Ao natural.
E aí, seguindo esse raciocínio, talvez a questão não seja o pronome, mas sim o verbo: eu fui/sou, ele foi/é. Tudo depende da época ou de quem fala.
Faz sentido?🤔
Grande abraço, amigo!🥰
Casal, faz muito sentido. No meu caso fica difícil me desvincular do rótulo porque eu escrevi um livro cujo título é literalmente "Nômade Digital" hahahaha. Porém, sigo aqui lutando para ser só "o escritor".
Obrigado pelo comentário! Grande abraço!
Genial a complementacao do refluxado do Mathue. Do como somos referenciados e conhecidos, reverbera na gente. Muitas vezes nossa identidade acaba vindo do outro, se nao paramos pra olhar pra dentro (ou comunicar oque de fato somos hoje). Enfim, grato pela complementação =)
Seu texto trouxe várias reflexões... Sinto que eu tive uns momentos de "virada" na vida , onde me senti meio perdida e triste (não gosto de mudanças rs).
Seja quando entrei na faculdade (e sai debaixo da "proteção" dos meus pais), quando sai de uma rep que morava com amigas, quando terminei a faculdade ou quando casei... E agora sinto que estou em um novo momento desse tipo. Aí fica aquele luto por coisas que vão, expectativa pelas que vem... Enfim.
Seu texto me fez pensar muito sobre isso. Excelente como sempre!
Legal que o texto gerou essa reflexão, Diná. Obrigado pelo comentário!
Mesmo escrevendo em terceira pessoa contos baseados na minha infância, ainda não tinha parado para pensar sobre o porquê desse uso do pronome. Algumas vezes comecei em primeira, me causou estranhamento, senti a necessidade de trocar. Muito bom encontrar uma explicação para o fenômeno :)
Bom saber que não é coisa da minha cabeça hahaha. Obrigado pelo comentário, Fernanda!
Massa Matheus! É uma eterna busca pela identidade e um eterno abandono do eu que deixou de existir...
Por outro lado, o que mais parece "engajar" hoje é falar de si mesmo, mesmo que este eu não tenha nada muito interessante para acrescentar! Estranho, hein! Escritores, em certas circunstâncias e contextos históricos quase sempre tinham um discurso extrínseco a si mesmo: ou escreviam pela literatura, propriamente dita, ou por uma causa, ou por uma ideologia, mas quase nunca pelo próprio "eu". Hoje isso é mais ou menos comum. Falar em primeira pessoa é um mantra e um carma ao mesmo tempo!
Chega-se ao ponto de um Karl Ove... Numa entrevista, ele disse que tinha uma meta: escrever cinco páginas todo dia sobre memórias aleatórias. Depois mandava todo aquele emaranhado (sem revisão, sem aparar nada...) para a prensa e era isso. (A esse processo ele colocou o nome de "estilo"...aí até eu né! - será que ele achou que isso é um tipo de "identidade"? Bom, a crítica, no meio desse mar de esgotamento, deve ter atirado pra esse lado, na falta de um nome, ou na falta de uma dificuldade de admitir que não é por aí que alguma coisa na literatura pode significar alguma coisa...) Quando eu li o primeiro livro do Minha Luta fiquei muito decepcionado. Pelo ponto de vista da literatura é pobríssimo, mas pelo ponto de vista do Marketing, riquíssimo!
Não tem muito pra onde correr hoje em dia, a não ser ocupar um nicho e mandar ver!
* Aqueles malucos do Glass Beams são os membros do Khruangbin de máscara, só podem ser! (Muito bom, tal qual o Khruangbin!)
Valeu Matheus! Abraço!
Cara, sim. Acho que é porque as pessoas querem ver mais "gente como a gente", uma vez que as redes sociais e os influenciadores criaram esse negócio de compartilhar uma suposta vida perfeita em seus feeds.
Sobre o Karl, eu amo e odeio ele hahahah. Eu li todos os livros de "Minha Luta" e tem momentos incríveis ali, mas ao mesmo tempo cada uma das obras poderia ter pelo menos 200 páginas a menos hahaha.
E, cara, o som é muito parecido, né? Ainda mais pelo fato de também ser um trio haha.
Obrigado pelo comentário, Marcelo! Grande abraço!
"O rótulo de “nômade digital”, de certa forma, definiu a minha identidade durante esse período; tanto no pessoal quanto no profissional; ô louco, bicho! Fiz amizades por causa do nomadismo; ganhei e gastei dinheiro por causa do nomadismo."
O mais difícil quando a gente passa por uma mudança na carreira é que vc tem que mudar seu sobrenome junto. Antes era o Matheus, nômade digital. Agora vai ter que achar outra coisa pra preencher esse vazio. E talvez leve tempo para quem já te acompanha se acostumar com isso.
Pois é, Marcelo. Por enquanto seguimos aqui, em crise existencial, tentando colar o rótulo de "escritor" no lugar do ex haha. Obrigado pelo comentário, meu caro!