[Passageiro #92] O único final feliz para uma história de amor é um acidente
Já que você quis assim, tudo bem; cada um para o seu lado.
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🎧 Para ler ouvindo1: Me dê motivo, por Tim Maia.
1.
“Foi uma noite maravilhosa, o tipo de noite que só acontece quando somos jovens”, escreve um tal Fiódor Dostoiévski em Noites Brancas.
Estamos em 2019, tenho 30 anos, ainda me considero jovem, meu primeiro livro acaba de ser publicado2 e esta é minha segunda vez na Rússia; a primeira em São Petersburgo, capital cultural da Europa; a cidade mais linda que um dia já existiu.
Assim como o protagonista de Dostoiévski, flano pela cidade sozinho, espio rostos, busco, em vão, uma história de amor; não há final feliz em Dostoiévski.
2.
De meados de maio a meados de julho, São Petersburgo não dorme. A escuridão cobre o céu durante apenas uma hora do dia – daí o termo “noites brancas”. Mas estamos em setembro; é dia 14 e São Petersburgo tem dormido noites escuras e cada vez mais geladas.
Antes que o sol se ponha, vejo da janela a neve caindo lá fora; é a primeira vez na vida que vejo neve caindo; choro sozinho no Airbnb decorado com bustos de Lenin e Stalin; choro como o senhor Hirayama em Perfect Days.
3.
No ano seguinte, o primeiro dos três da pandemia de Covid-19, falou-se muito sobre a diferença entre solidão e solitude.
“Somos todos pinturas do Edward Hopper agora", dizia um tuíte que viralizou; quando o Twitter ainda existia.
Até encontrar um ou outro conhecido de passagem por São Petersburgo, passei cerca de 1 mês na Rússia sem trocar uma palavra com ninguém. Não de forma literal, houve uma interação aqui e outra ali com uma caixa de supermercado ou um garçom, mas nenhuma conversa, nenhum contato mais íntimo; e foi maravilhoso.
Eu costumava acordar antes do sol nascer, passava um café, abria as janelas do apartamento no oitavo andar com vista para um parque, deixava o sol entrar, lia algo, escrevia. Sempre em silêncio. Música eu colocava nos fones quando saía – geralmente o primeiro álbum do The Last Shadow Puppets –, pegava o metrô e descia na Nevsky Prospekt (Avenida Nevsky), caminhava cerca de 30 minutos só para ver o rio Neva. Esperava escurecer para explorar a cidade iluminada – se você acha Paris bonita durante a noite, deveria conhecer São Petersburgo – e só então voltava para o apartamento do oitavo andar; mesma coisa, metrô, The Last Shadow Puppets nos fones.
4.
Naquele 14 de setembro de 2019, o dia em que vi a neve caindo pela primeira vez, Gabigol fez isso no Maracanã contra o Santos, seu ex-time, seu primeiro amor:
Era um sábado, o jogo começou às 22h no horário de São Petersburgo, um jovem adulto solteiro3 no exterior e no auge dos seus 30 anos deveria estar na balada, vendo gente, é o que talvez o leitor esteja pensando agora, mas não, nas noites escuras e geladas em que escolhi a solitude, o histórico Flamengo de 2019 foi a minha companhia; o Flamengo de um tal Gabigol.
5.
Não faço o tipo fanático por futebol, embora tenha sido na infância quando sonhava vestir a 9 do Flamengo, mas esse time de 2019 me devolveu o circo que havia sido tomado pela busca do pão; me vi, durante a vida nômade, assinando serviços de streaming e VPN4 para assistir os jogos. Não perdia um. E aí voltei para o Brasil.
6.
A Copa Libertadores da América, o mais tradicional torneio do continente americano, tem esse nome em homenagem aos líderes da independência dos países latino-americanos que, até o início do século XIX, foram saqueados por colônias europeias – especialmente Espanha e Portugal.
Entre os principais Libertadores da América estão Simón Bolívar, que liderou movimentos de independência em países como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela; José de San Martín, que foi fundamental para a independência da Argentina, Chile e Peru; e José Artigas, que lutou pela liberdade no Uruguai.
Em 23 de novembro de 2019, no Estádio Monumental em Lima, no Peru, Gabriel Barbosa Almeida, o Gabigol, lideraria a libertação rubro-negra dos 38 anos sem títulos no torneio continental ao marcar dois gols contra o River Plate, da Argentina; um aos 43 e outro aos 46 do segundo tempo.
Gabigol ainda seria expulso5 antes do apito final.
Tive a sorte de assistir o jogo ao lado do meu pai; 70 anos na época.
7.
, tão pessimista quanto Dostoiévski, escreveria que O único final feliz para uma história de amor é um acidente.
No último domingo (10/11), ao acompanhar mais um título do Flamengo na Era do Libertador Gabigol (o seu 13º com a camisa rubro-negra), dessa vez no fuso-horário parisiense – também com VPN –, não consegui comemorar; Gabigol, o predestinado herói no primeiro jogo da final contra o Atlético-MG ao marcar dois gols, anunciou que vai embora; seu contrato encerra dia 31 de dezembro e as partes não chegaram a um acordo; a trajetória do segundo maior ídolo da história do Flamengo encerra de maneira acidentada.
Após o jogo, Gabigol fez um post em seu Instagram com Me dê motivo, do Tim Maia, como trilha sonora.
“Já que você quis assim, tudo bem
Cada um pro seu lado, a vida é isso mesmo
Eu vou procurar e sei que vou encontrar
Alguém melhor do que você
Espero que seja feliz no seu novo caminho
Ficar contigo não faz sentido, melhor assim”.
Espero que seja feliz, Gabi; assim como você me fez. Mas te peço, te imploro que, ao encontrar o seu ex num Maracanã lotado, lembre da gente, do que vivemos juntos; não faça aquilo que você fez contra o Santos em 2019; finja uma lesão, faça corpo mole, mas não ponha tudo a perder.
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🧠 Para ler, assistir e ouvir
Na outra newsletter: uma comunidade fiel vale mais que 1 milhão de seguidores.
Ainda na outra newsletter: o mundo como escritório; 7 anos e 30 países depois.
Talvez não seja o mais óbvio, mas Memórias do subsolo é meu livro favorito de Dostoiévski.
Tô preparando um ensaio sobre boxe (esporte que tenho treinado desde maio) para publicar em Medo e Delírio e confesso estar muito empolgado com a luta Jake Paul x Mike Tyson que acontece no próximo dia 15. A Netflix lançou uma espécie de série documental com os bastidores do confronto.
BADBADNOTGOOD, uma das bandas que mais escuto durante o expediente, lançou uma música com ninguém mais ninguém menos que Tim Bernardes. Ouça Poeira Cósmica.
Ultimamente tô numa fase trip hop – influência da atmosfera que tenho criado em Há algo de podre no reino da Tailândia – e essa playlist é uma ótima introdução ao gênero.
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Você que acompanha futebol, qual jogador te deixou triste quando foi embora do seu time de coração?
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Ele contou o porquê em episódio do Podpah.
Edward Hopper, The Last Shadow Puppets e Gabigol coexistindo na mesma publicação = maravilhoso
eu, vascaíno, curtindo esse texto que fala, sobretudo, sobre o gabigol. muito obrigado, matheus?