57 Comentários

que importante esse texto, Matheus. homens escutam homens, então ter homens escrevendo o que você escreveu com tanta abertura, vulnerabilidade e coragem é muito importante. vi um comentário aqui em cima e senti de reforçar o pedido: leiam e ouçam mulheres. nós estamos sempre lendo e aprendendo com homens, mas vejo pouquíssimos homens lendo, aprendendo, ouvindo e, principalmente, admirando mulheres. já te vi diversas vezes indicando textos e livros de autoras e escritoras (inclusive a minha news, o que sempre me deixa muito lisonjeada), então sei que você já tem essa abertura. meu comentário é pra todos os que possam chegar a lê-lo.

indico: “memórias de uma moça bem comportada” da Simone de Beauvoir, a tetralogia napolitana da Elena Ferrante (que é uma obra-prima e vejo pouquíssimos homens lendo), “circe” da madeline miller. são algumas das obras que eu sinto que falam sobre ser mulher com verdade, que tem a nossa voz, sabe?

no mais, em outro ponto, eu também estou no mesmo processo que você por perceber que a maioria das minhas referências é branca. inclusive as que te indiquei. estou lendo agora “tudo sobre o amor”, da bell hooks e tem sido maravilhoso.

e com certeza vou ler edouard louis!

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Yna, querida, muito obrigado pelo comentário, pela contribuição ao debate, pelas dicas de livros e, claro, pela generosidade de sempre. Um grande abraço!

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leiam mulheres, de preferência

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Sempre, Paulinha! Obrigado pela crítica.

Aproveito o seu comentário para fazer um disclaimer que eu deveria ter feito no próprio texto. Enquanto escrevia, e principalmente por ser um tema delicado, pensei se não seria contraditório levantar essa discussão pedindo que os homens leiam outro homem. Pois bem, segui com a ideia inicial porque o ponto em indicar Édouard Louis tem a ver com identificação, com o tal do lugar de fala. Os melhores livros sobre feminismo, sobre ser mulher, certamente foram escritos por outras mulheres; nós, homens, não sabemos e nunca saberemos como é estar na pele de uma mulher, como é sentir e vivenciar essa pequenas violências, e não sei se você já leu algo do Édouard Louis, mas o ponto de conexão, essa identificação, surge principalmente por ele contar a história da sua mãe; ao ler sobre a mãe de Édouard Louis, a mãe de um homem, pensei em todas as pequenas violências sofridas pela minha própria mãe – pequenas violências que, nós, homens, crescemos acompanhando dentro das nossas próprias casas e que quando crescemos acabamos por reproduzi-las em nossos relacionamentos.

Aproveitando, você teria dicas de livros escritos por mulheres dentro dessa temática?

Muito obrigado!

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sim, entendo. e por meio do seu texto fiquei com vontade de ler a história da mãe dele, sim. não o conhecia. mas sempre vai ser um ponto de vista masculino, não importa o quê.

sobre pequenas e grandes violências que as mulheres sofrem relatadas pelo ponto de vista feminino: copo vazio, de natalia timerman; corpo desfeito, de jarid arraes; a vegetariana, de han kang, são alguns q lembro agora por alto ♥︎

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Faz sentido. Muito obrigado pelas dicas, Paulinha. Desses que você citou, li apenas "A vegetariana"; livraço, por sinal.

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O meu aprendizado sobre hierarquia, que pela minhas circunstâncias sociais, culturais, religiosas foi mais um ensinamento de como reverenciar pessoas pelo seu status dentro daquele contexto. A alguns cabia a idolatria tanto mais fossem escolhidos divinos. Artistas, famosos ou não, eram por mim idolatrados. Até que. No inicio dos anos 90 fui assistir a uma peça no teatro municipal de São Paulo, janeiro das promoções teatrais. Para minha surpresa o autor da peça daquele dia, muito famoso, muito aplaudido pela imprensa, estava autografando livros na entrada. Óbvio que não mostrei costume. Era minha primeira vez. Comprei o livro e paguei com cheque. Na época se colocava o número do telefone no verso. Para minha surpresa, o tal me ligou. Imagina o espanto! Até o minuto 1 me senti, eu, a escolhida. Nunca antes, nem depois ouvi tantas obsceninades. Óbvio que a minha não reação foi um riso nervoso que deve tê-lo feito acreditar que eu estava curtindo. Era um tempo em que eu era educada, gentil, achava que não deveria magoar nem mesmo pessoas que me ofendiam, agrediam(carencia em estado puro, ou, dê a outra face). Ele me ligou uma segunda vez em que eu consegui cortar (não, eu não correspondi ao linguajar xulo), embora acompanhado de um pedido de desculpas. No fim eu acho que ele não queria um encontro. Era comum na época a procura por sexo pelo telefone. Para muitos estava mais para ter a liberdade de falar baixarias, “anonimamente”. Acho que a intenção era essa. Bom, o combo clichê, culpa e vergonha me deixou prostrada por um tempo. Ainda quando lembro me parece inverossimil, como tenho certeza muitos homens acharão que é, ou vão distorcer a história no bom clichê cumplice masculino: foi você que deu bola pra ele. Fim da história, com complicações na ferida, nunca cicratizada do assédio. “Pequenas violências sofridas pelas mulheres”. Foi muito decepcionante porque eu não conseguia acreditar que algo que eu considerava tão sagrado poderia ser tão profano. Ai eu entendi que a criatividade é que é sagrada, numa nova perspectiva de divino que tenho, a anos luz da que me ensinaram.

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Uau! Depoimento pesado. Obrigado por compartilhar a sua história, Gloriana.

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Essa nius foi basicamente um artigo de revista com crônica, informação e entretenimento. Não existe newsletter mais completa e satisfatória. Faz mais ❤️

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Opa! Coisa boa ler isso, Maicon. Obrigado pela generosidade de sempre!

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Excelente texto, Matheus! Ser aliado é muito importante para qualquer grupo minorizado, ainda mais agora com a aliança Trump - big techs boys, cuja ambição é atropelar o mundo e alguns progressos realizados. Tem que ter coragem para se posicionar. Obrigada por mais um texto foda e importante!

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Nathalia, nas notas que escrevi como rascunho para essa edição eu deveria ter falado sobre essa aliança do Trump, sobre a entrevista do Zuckerberg no Joe Rogan, mas 2025 começou tão com cara de 1925 que faltou espaço pra esses temas. Muito, muito obrigado pelo comentário!

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Fico muito contente de ter lido essa news! É uma luta muito difícil pra nós, e encontrar pessoas que pensam assim dá um quentinho no coração!

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Muito obrigado pelo comentário, Silvia! Fico feliz e, de certa forma, aliviado em ler isso. Das 98 edições de Passageiro, essa foi sem dúvidas a mais difícil de se escrever. Um grande abraço! 🖤

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Leia o Mapa da Violência no Brasil, acho que vc vai se surpreender bastante. Preste atenção aos números.

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Boa dica, Renato. Obrigado pelo comentário!

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Que texto lúcido! Que outros homens possam estar abertos a enxergar esses privilégios e reconhecer as violências contra as mulheres. É urgente essa necessidade na luta contra essa sociedade onde o machismo é estrutural. Que possamos sempre nos olhar para dentro, afim de reconhecer onde precisamos nos desconstruir. Obrigada ❤️.

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Muito obrigado pelo comentário, Raquel!

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Depois de ir ver o rolê das notas de esclarecimentos, acho que não são apenas os homens que devem ler Édourd Louis. Mulheres cometem pequenas violências contra mulheres o tempo todo. Os relacionamentos femininos de amizade, inimizade, profissional e romântico são cheios disso. Estamos sempre atacando umas as outras. Uma mulher que nunca fez isso certamente não existe. Ver uma mulher esquecer a porra da empatia e sororidade feminina pra defender macho escroto, é extremamente frustrante. Eu fico irritada, eu julgo, xingo ela e suas futuras gerações, mesmo sendo mulher, mesmo sabendo da realidade violenta em que vivemos e somos colocadas, mesmo podendo estar nesse mesmo lugar em algum momento. É ruim demais. Parece que o tempo todo estamos competindo pra ver quem é mais estupido. E a gente reflete sobre essas merdas da vida e percebe que talvez a humanidade não esteja melhorando em nada, talvez a nossa sina seja perpetuar essas pequenas violências. E isso é uma merda.

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Pois então, Jackie. Seu comentário faz muito sentido. Obrigado pela contribuição!

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"...mas e quando a misoginia vem do lado progressista do espectro político?" - é sempre mais fácil pensar que esse tipo de comportamento vem "do outro lado"... Como se dentro de uma mesma visão políticas as coisas não funcionassem da mesma forma (às vezes até pior).

Me emocionei ao ler o texto, obrigada pelas palavras!

Espero, de verdade, que um dia possamos viver em um mundo que respeite mais as mulheres <3

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Acho impossivel entender completamente o lado delas. Mas começamos sempre assim, um choque de realidade numa relação, a queda do véu que acoberta o sofrimento de parentes (em especial a mãe mesmo) e sempre chega num ponto onde percebemos que lidar com o machismo não é só sobre ela.

Existe sofrimento em ser pressionado a fazer o seu pior em tantas situações. Existe sofrimento em não entender de onde isso vem. E, acima de tudo, existe um sofrimento imenso de não ser educado sobre as consequencias do que falamos ou fazemos a tempo para evitar fazer m*rda.

Fora se sentir deslocado em um mundo que nao funciona mais da forma que voce foi educado a ser (e ainda bem).

É importante ler delas para entender o que passam. Mas não deixo de achar interessante acompanhar o material dos homens que assumem o processo de desconstrução e comentam seus proprios desafios nisso - porque é um processo continuo, tanto para elas como para nós.

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Perfeito, Fernando. Concordo com tudo o que você escreveu. Obrigado pelo comentário!

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Gostei muito da coragem em admitir como você ( e eu, e outros homens) estamos "pré-fabricados" no machismo e pelo esforço em se desconstruir. Também me chama a atenção a coragem (acho que essa palavra é muito importante, nessa caso) em tratar desse tema quando nós, homens, não somos as vítimas das pequenas e grandes violências.

Obrigado pela escrita e pela reflexão!

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É isso, cara. É sobre coragem. Obrigado pelo comentário!

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Nossa. Li 2x. Favoritei na minha inbox como faço com as minhas news preferidas. Encaminhei pro meu marido. E subi de prioridade ler edouard louis, que já está na minha lista há um tempo. Obrigada por esse texto, Matheus. Ele trouxe esperança. Que consigamos trazer cada vez mais homens como tu para o nosso lado.

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Fico feliz em saber disso, Paola. Muito obrigado pelo comentário!

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Legal o texto! Acho que o problema do cidadão de bem se estende em muitos outros aspectos. Hoje em dia, com o efeito de bolha das redes sociais, as pessoas tendem a reproduzir apenas as opiniões que gostam e não aprendem mais. Quando alguém vem com argumentos contrários, geralmente as pessoas "de bem" viram a cara e ignoram.

With that said... O que o Neil Gailman fez? Porque você falou de ler menos as obras dele? Eu adoro Good Omens! Vou perder mais uma obra legal porque um homem fez bosta?

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Meu Deus Matheus, eu simplesmente amei a sua news! O jeito que você escreveu, a sinceridade, o tema… E fofoca contada pela metade quase mata uma fofoqueira que sou, quem é o Youtuber/ escritor “desconstruído” famoso? Algum detetive de plantão por aí?

Só para não aparentar que sou apenas - eu sou, mas não apenas - uma pessoa que gosta de cultura pop e fofocas de subcelebridades - conto aqui que descobri e li recentemente Edouard Louis e simplesmente amei!

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Fiquei bem feliz com o seu comentário, Denise. Muito obrigado!

Sobre a fofoca, como falei em uma das notas de rodapé, não disponho de um time de advogados, de modo que prefiro não citar nomes haha. Porém, buscando os termos certos e se atentando ao ano em questão, acho que você encontra fácil no Google... 👀

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Excelente texto! Compreender é o primeiro passo para de alguma forma começar o processo de mudança. Pequenas mudanças, até sejamos outro. Parabéns pela escrita.

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Boa, Julio! É isso. Obrigado pelo comentário!

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