[Clube Passageiro #17] O que viajar nos ensina? (feat. Riq Lima, CEO da Worldpackers)
SETEMBRO/24 - Confira as informações sobre o encontro #17 do Clube Passageiro.
O Clube Passageiro é uma comunidade que se encontra uma vez por mês para papear sobre escrita, produção de conteúdo, monetização, livros e viagens.
Para participar dos bate-papos mensais e ter acesso ao nosso grupo fechado no Telegram, basta assinar um dos planos pagos da newsletter – assinantes pagos da newsletter Passageiro também têm acesso a uma edição extra e mensal com os bastidores do processo de escrita do meu primeiro romance.
Desde maio de 2023, quando o Clube Passageiro foi fundado, 16 workshops com os mais variados temas foram realizados (o mais recente teve a participação da escritora Carol Bensimon) – e assinantes do Plano Vitalício têm acesso a todo o acervo (são mais de 30h de conteúdo!).
Em nossa comunidade fechada no Telegram você poderá trocar ideias sobre escrita, processo criativo e mercado literário com outros participantes – e comigo; perguntas sempre serão bem-vindas.
Assim que você escolher um dos planos disponíveis, receberá um e-mail com as instruções para participar da comunidade exclusiva no Telegram e dos workshops mensais via Google Meet.
🎧 Para ler ouvindo1: Screamland, por Father John Misty.
1.
Acordo com uma voz falando coisas inaudíveis em um megafone.
Lembro da minha infância em Imbituba, litoral catarinense, quando o carro do gás anunciava sua chegada. Mas estou longe de casa. São quase 6h10 da manhã e o sol acaba de nascer em Istambul, na Turquia, a única cidade do mundo dividida por dois continentes – Ásia e Europa.
Caminho ainda sonolento até a praça Taksim, onde Mehmet, anfitrião do Airbnb onde estou hospedado, me aguarda para tomarmos chá. Ele explica que a voz no megafone recitava uma passagem do Alcorão e que os muçulmanos devem realizar diariamente cinco orações públicas, conhecidas como Salat.
De maioria muçulmana, a Turquia é o único país islâmico que é laico. Mehmet me conta que, apesar dos turcos serem bastante religiosos, não é obrigatório rezar todas as vezes em que os megafones anunciam o Salat – ele confessa ser desleixado em relação a isso.
Conto em um grupo no WhatsApp sobre a experiência de ser acordado por um megafone recitando uma passagem do Alcorão. Um amigo me alerta, em tom de brincadeira, que devo tomar cuidado com os terroristas.
Desde o 11 de setembro de 2001, o preconceito contra muçulmanos se tornou algo normal na cultura ocidental. Em qualquer tragédia ou acidente, a simples presença de um muçulmano no local o torna suspeito.
2.
De acordo com o dicionário, a palavra ignorância significa “falta geral de conhecimento, de saber, de instrução.”
Mark Twain escreveu certa vez que “viajar é fatal para o preconceito, a intolerância e as ideias limitadas”.
Ele completou: “não se pode ter uma visão ampla, abrangente e generosa dos homens e das coisas, vegetando num cantinho do mundo a vida inteira.”
Podemos dizer, portanto, que para o famoso escritor quem não viaja é ignorante – no sentido amplo da palavra.
Concordo com o pensamento de Twain, mas tenho lá minhas ressalvas.
De fato, viajar pode quebrar preconceitos, mas isso não acontece automaticamente – e não significa que quem não viaja é, necessariamente, preconceituoso.
Muito se discute entre meus amigos nômades digitais sobre a diferença entre fazer turismo e viajar.
Diz-se que os turistas, que geralmente estão em férias e compram pacotes de viagens com roteiros pré-estabelecidos, se deslocam em grupos e que, de forma ignorante, fazem comparações pouco elogiosas entre qualquer coisa que estejam vendo com o equivalente de suas cidades.
Os viajantes, no entanto, supostamente se aventuram mais porque querem ter a experiência total do lugar, conversando com locais, provando comida de rua, andando sem rumo pelas cidades sem a obrigação de tirar fotos em pontos turísticos.
Veja que não existe certo ou errado nesta discussão; o que existe são perfis diferentes. E ninguém, na minha opinião, definiu melhor o perfil do viajante do que o meu amigo :
“Eu viajo pra sujar a minha alma da cultura que não é minha. Eu viajo pra limpar meu preconceito.”
3.
Caminhos abertos, livro de Riq Lima, cofundador e CEO da Worldpackers, nasceu da seguinte pergunta: “será que todos nós nascemos verdadeiramente livres?”
Riq nasceu em um típico lar de classe média, conseguiu o “emprego dos sonhos” em um grande banco de investimentos da Faria Lima e passou por um burnout que o fez “largar tudo” e colocar a mochila nas costas.
Durante três anos, Riq viajaria por mais de 50 países, hospedando-se em hostels na grande maioria das vezes, ampliando sua bagagem cultural, sujando a alma de culturas que não a dele, limpando seus preconceitos.
A experiência, conta Riq, foi um verdadeiro divisor de águas em sua vida. Anos mais tarde, os aprendizados acumulados na estrada seriam aplicados na criação da Worldpackers, empresa que hoje é referência global em turismo colaborativo, sendo responsável por impactar a vida de mais de 3 milhões de pessoas em mais de 100 países.
4.
Em 2021, eu estava vivendo no México durante a pandemia quando recebi um convite do Riq para participar do seu podcast, o Abrindo Caminhos. Falamos, na época, sobre nomadismo digital.
Dessa vez, trocaremos de cadeiras: eu serei o entrevistador.
É com grande honra que receberei o Riq na próxima quinta-feira (26), 18h do Brasil, na 17ª edição do Clube Passageiro.
O tema, evidentemente, será viagens – mas confesso que também estou bem curioso para saber como foi para o Riq a experiência de escrever o seu primeiro livro.
Nos vemos lá?
🗓️ O que você precisa saber sobre o bate-papo com o Riq Lima
Tema: O que viajar nos ensina?
Data: quinta-feira, 26 de setembro de 2024.
Horário: 18h de Brasília.
Duração: cerca de 1h30 (diferente dos outros encontros, dessa vez não teremos um workshop propriamente dito, mas um bate-papo, uma espécie de podcast em que eu e vocês seremos os entrevistadores; vocês, assinantes pagos, podem enviar perguntas no Telegram).
Como participar: inscrevendo-se em qualquer um dos planos pagos do Clube Passageiro.