No fim do ano passado, estive em Amsterdã e fui ao Museu do Van Gogh. Eu não sabia, mas aparentemente existe uma moda de fazer um retrato de costas, "como se estivesse olhando", usando um grande laço no cabelo. Um menina superarrumada tirou não sei quantas fotos e o que ela parava pra olhar era como a foto tinha saído. Ela olhou cada detalhe da foto, reptiu troucentas vezes e nem por um minuto ela contemplou o quadro. Aquilo me deu um aperto no peito, uma angústia... como você disse, é tão extraordinário ter a oportunidade de ver um Van Gogh ao vivo que não dá pra entender quem não para para olhar. O problema não é nem fazer a tal foto e postar. O problema é SÓ tirar a foto. Triste demais
Eita! Não fazia ideia dessa moda, mas isso explica algumas cenas que vi. E, sim, quando vou em museus também registro as obras mais importantes pra mim como uma espécie de recordação do momento, mas SÓ tirar a foto realmente é triste demais. Obrigado pelo comentário, Lena!
Van Gogh não ganhou dinheiro em vida com a sua arte, mas provavelmente algum bilionário vai quando bombar a trend "transforme essa foto em uma pintura estilo Van Gogh".
Distopias à parte, mais um grande texto, Matheus. Abraço!
Esse lance de muita gente ganhar dinheiro em cima do Van Gogh hoje, inclusive os museus com suas lojas de souvenirs cheias de lembrancinhas estampadas com Van Gogh, me lembra duas coisas: a primeira é como o Romero Brito (que é um cara que não gosto) que saiu na frente abrindo ele mesmo sua loja de souvenirs e como todo mundo o critica pela qualidade da obra - mas que pra mim a critica é pelo fato dele conseguir chegar na massa de uma maneira que quase ninguem consegue. A outra coisa que me lembra é que você já fez reflexão parecida a respeito do Paulo Coelho.
Cara, essa é uma bela reflexão mesmo. A do Paulo Coelho escrevi em 2018 – e não sei como isso aconteceu, mas o texto chegou nele e ele compartilhou duas vezes no finado Twitter haha. Obrigado pelo comentário, Diogo!
pior do que o van gogh no museu d'orsay é a mona lisa... acho triste que muita gente vá mais para dizer que esteve do que para efetivamente apreciar a obra.
Há mais de 10 anos, eu passei duas semanas em Florença, Itália. Um amigo até hoje brinca comigo dizendo que eu "morei" na cidade, porque ele não entende uma pessoa viajando passar mais que 2 dias num mesmo lugar. Em um desses dias em Florença nós visitamos a Uffizi. Eu estava observando "A Primavera" de Botticelli sozinha na sala (as pessoas entravam e saiam, então havia esses hiatos), quando entrou um casal. Ele tirou uma foto dela, ela dele, um autorretrato e foram embora da Galeria. Era cedo ainda. Eles, até onde pude perceber, nem passearam por outras salas. Engraçado que isso me marcou e de vez em quando me vem à lembrança. Os tempos me parecem ser de urgências, mas começaram a ser construídos, não hoje, mas há tempos. Não conheço ainda a França, mas um dia... amigos dizem que Paris tem uma personalidade parecida com a minha. Será? Uma boa leitura, seu texto, enquanto bebo um café, antes de iniciar minha sexta-feira. Até a próxima.
Ontem mesmo eu olhava para os meus pés, ou melhor, para as meias com estampa da Noite Estrelada que comprei em alguma lojinha da Liberdade, e me perguntava se fazia sentido tudo isso... Você anda dando voz a muitas angústias, Matheus. Ainda estou processando a edição anterior, e agora mais esta...
(Em tempo: muito obrigada por compartilhar essas reflexões!)
Ver um Van Gogh ao vivo é o cúmulo do “uau, então aquela pintura que eu vi nos livros ou na internet existe de verdade”. Sem falar no outro trilhão de coisas legais que tem no d’Orsay. É, de fato, uma pena. Sobre esse episódio de Doctor Who, quem não chorou, tá morto por dentro haha
Seu texto me fez lembrar de um post que fiz no finado (ou quase?) Facebook, em maio de 2015, na frente de um quadro do mesmo van Gogh no MoMa de Nova York: https://www.facebook.com/share/p/15inP911Sg/
Excelente como sempre caro Matheus …seu olhar …pessoas … ambiente .. comentários respeito do Van Gogh ….. este museu é lindíssimo , estive lá há mais de 10 anos ….e esta das pessoas ficarem tirando fotos de quadros sem se ater ao que está a sua frente é um pé no saco!!.
Matheus, eu não tenho dúvidas de que estamos perdendo momentos muito mais do que capturando memórias… e isso é, de fato, muito triste. Lembrei de um ótimo filme sobre parte da vida de Van Gogh: At Eternity’s Gate. Já assistiu? Vale a pena! Boa semana para ti.
Pois é! Fiquei pensando nisso justamente porque o tempo finalmente está bom por aqui e tenho me sentido mais produtivo. Obrigado pelo comentário, Anna!
um dos dias mais felizes da minha viagem à Paris foi ver de perto as obras dele. chorei aqui com o vídeo e morri de vontade de abraçá-lo. mas acho que quando paramos por um tempo para contemplar o que ele criou com atenção e curiosidade, o abraçamos também.
e tô com você: esse negócio de valorizar alguém depois que morre é cruel e cafona. quero celebrar a vida!
No fim do ano passado, estive em Amsterdã e fui ao Museu do Van Gogh. Eu não sabia, mas aparentemente existe uma moda de fazer um retrato de costas, "como se estivesse olhando", usando um grande laço no cabelo. Um menina superarrumada tirou não sei quantas fotos e o que ela parava pra olhar era como a foto tinha saído. Ela olhou cada detalhe da foto, reptiu troucentas vezes e nem por um minuto ela contemplou o quadro. Aquilo me deu um aperto no peito, uma angústia... como você disse, é tão extraordinário ter a oportunidade de ver um Van Gogh ao vivo que não dá pra entender quem não para para olhar. O problema não é nem fazer a tal foto e postar. O problema é SÓ tirar a foto. Triste demais
Eita! Não fazia ideia dessa moda, mas isso explica algumas cenas que vi. E, sim, quando vou em museus também registro as obras mais importantes pra mim como uma espécie de recordação do momento, mas SÓ tirar a foto realmente é triste demais. Obrigado pelo comentário, Lena!
Van Gogh não ganhou dinheiro em vida com a sua arte, mas provavelmente algum bilionário vai quando bombar a trend "transforme essa foto em uma pintura estilo Van Gogh".
Distopias à parte, mais um grande texto, Matheus. Abraço!
Caramba, ri de tristeza aqui – nem sabia que isso era possível! haha :)
Muito obrigado pelo comentário, Raphael!
Uma viagem turística, obrigada. Também gosto de observar pessoas...na praia.
Obrigado peo comentário, Adriana!
Esse lance de muita gente ganhar dinheiro em cima do Van Gogh hoje, inclusive os museus com suas lojas de souvenirs cheias de lembrancinhas estampadas com Van Gogh, me lembra duas coisas: a primeira é como o Romero Brito (que é um cara que não gosto) que saiu na frente abrindo ele mesmo sua loja de souvenirs e como todo mundo o critica pela qualidade da obra - mas que pra mim a critica é pelo fato dele conseguir chegar na massa de uma maneira que quase ninguem consegue. A outra coisa que me lembra é que você já fez reflexão parecida a respeito do Paulo Coelho.
Cara, essa é uma bela reflexão mesmo. A do Paulo Coelho escrevi em 2018 – e não sei como isso aconteceu, mas o texto chegou nele e ele compartilhou duas vezes no finado Twitter haha. Obrigado pelo comentário, Diogo!
pior do que o van gogh no museu d'orsay é a mona lisa... acho triste que muita gente vá mais para dizer que esteve do que para efetivamente apreciar a obra.
Né? Aquele texto do celular que escrevi foi justamente depois de ter visto a Mona Lisa. Obrigado pelo comentário, Pedro!
Há mais de 10 anos, eu passei duas semanas em Florença, Itália. Um amigo até hoje brinca comigo dizendo que eu "morei" na cidade, porque ele não entende uma pessoa viajando passar mais que 2 dias num mesmo lugar. Em um desses dias em Florença nós visitamos a Uffizi. Eu estava observando "A Primavera" de Botticelli sozinha na sala (as pessoas entravam e saiam, então havia esses hiatos), quando entrou um casal. Ele tirou uma foto dela, ela dele, um autorretrato e foram embora da Galeria. Era cedo ainda. Eles, até onde pude perceber, nem passearam por outras salas. Engraçado que isso me marcou e de vez em quando me vem à lembrança. Os tempos me parecem ser de urgências, mas começaram a ser construídos, não hoje, mas há tempos. Não conheço ainda a França, mas um dia... amigos dizem que Paris tem uma personalidade parecida com a minha. Será? Uma boa leitura, seu texto, enquanto bebo um café, antes de iniciar minha sexta-feira. Até a próxima.
Que comentário legal, Ana Luiza. Obrigado por compartilhar essa lembrança! Um grande abraço e até a próxima!
Ontem mesmo eu olhava para os meus pés, ou melhor, para as meias com estampa da Noite Estrelada que comprei em alguma lojinha da Liberdade, e me perguntava se fazia sentido tudo isso... Você anda dando voz a muitas angústias, Matheus. Ainda estou processando a edição anterior, e agora mais esta...
(Em tempo: muito obrigada por compartilhar essas reflexões!)
Feliz que os textos estejam reverberando por aí, Fernanda. Obrigado pelo comentário!
Ver um Van Gogh ao vivo é o cúmulo do “uau, então aquela pintura que eu vi nos livros ou na internet existe de verdade”. Sem falar no outro trilhão de coisas legais que tem no d’Orsay. É, de fato, uma pena. Sobre esse episódio de Doctor Who, quem não chorou, tá morto por dentro haha
Né? É exatamente esse o sentimento haha. Obrigado pelo comentário, Nathália!
Seu texto me fez lembrar de um post que fiz no finado (ou quase?) Facebook, em maio de 2015, na frente de um quadro do mesmo van Gogh no MoMa de Nova York: https://www.facebook.com/share/p/15inP911Sg/
Opa! Vou ler. Obrigado pelo link, Ferdinando!
Praticamente só imagens, Matheus. Uma frase de texto.
Apreciei a leitura. Excelente!
Obrigado pelo comentário, Karyn!
Excelente como sempre caro Matheus …seu olhar …pessoas … ambiente .. comentários respeito do Van Gogh ….. este museu é lindíssimo , estive lá há mais de 10 anos ….e esta das pessoas ficarem tirando fotos de quadros sem se ater ao que está a sua frente é um pé no saco!!.
Abraços paz e luz .
Obrigado pela generosidade, José!
Textasso!
Muito obrigado, meu caro!
Matheus, eu não tenho dúvidas de que estamos perdendo momentos muito mais do que capturando memórias… e isso é, de fato, muito triste. Lembrei de um ótimo filme sobre parte da vida de Van Gogh: At Eternity’s Gate. Já assistiu? Vale a pena! Boa semana para ti.
Ainda não assisti esse filme, Pauliny. Obrigado pela dica e pelo comentário!
Que interessante esse detalhe sobre o período de sol e o de produções artísticas dele
Pois é! Fiquei pensando nisso justamente porque o tempo finalmente está bom por aqui e tenho me sentido mais produtivo. Obrigado pelo comentário, Anna!
um dos dias mais felizes da minha viagem à Paris foi ver de perto as obras dele. chorei aqui com o vídeo e morri de vontade de abraçá-lo. mas acho que quando paramos por um tempo para contemplar o que ele criou com atenção e curiosidade, o abraçamos também.
e tô com você: esse negócio de valorizar alguém depois que morre é cruel e cafona. quero celebrar a vida!
Newsletteres e conteúdos como os seus são um respiro em meio a tanta coisa feita de maneira automatizada. Textão, Matheus!