[Clube Passageiro #19] Processo criativo (feat. J.P. Cuenca)
NOVEMBRO/24 - O evento de novembro será aberto ao público.
O Clube Passageiro é uma comunidade que se encontra uma vez por mês para papear sobre escrita, produção de conteúdo, monetização, livros e viagens.
Para participar dos bate-papos mensais e ter acesso ao nosso grupo fechado no Telegram, basta assinar um dos planos pagos da newsletter – assinantes pagos da newsletter Passageiro também têm acesso a uma edição extra e mensal com os bastidores do processo de escrita do meu primeiro romance.
Desde maio de 2023, quando o Clube Passageiro foi fundado, 18 workshops com os mais variados temas foram realizados – e assinantes do Plano Vitalício têm acesso a todo o acervo (são quase 40h de conteúdo!).
Em nossa comunidade fechada no Telegram você poderá trocar ideias sobre escrita, processo criativo e mercado literário com outros participantes – e comigo; perguntas sempre serão bem-vindas.
Assim que escolher um dos planos disponíveis, você receberá um e-mail com as instruções para participar da comunidade exclusiva no Telegram e dos workshops mensais via Google Meet.
Pela primeira vez desde que o Clube Passageiro foi criado, o encontro do mês estará liberado gratuitamente1 para todos os assinantes da newsletter – e para qualquer pessoa com o link.
Também durante o mês de novembro, estou oferecendo condições especiais para novos assinantes pagos. Confira nesse link.
🎧 Para ler ouvindo2: Traffic, por Thom Yorke.
1.
Outubro de 2018. Eu recém havia assinado o contrato de publicação do meu primeiro livro e garantido para a editora que conseguiria entregar a primeira versão da obra até 31 de dezembro, mas algo estava me bloqueando. Quando anunciou que estava com vagas abertas para uma oficina literária focada em crônicas, eu, que estava em Santa Catarina lutando contra o cursor do Scrivener piscando na tela em branco, usei as poucas milhas aéreas que tinha para fazer quatro bate-voltas até São Paulo.
Da oficina surgiram quatro crônicas de viagem que entraram em Nômade Digital3 como uma espécie de suspiro entre os capítulos. No ano seguinte à sua publicação, o livro seria finalista do Prêmio Jabuti; as crônicas de viagem são, até hoje, o que os leitores mais parecem lembrar de Nômade Digital.
2.
“Conheci João Paulo Cuenca nos seus tempos de comentarista de cultura na TV a cabo, num canal que faz parte do grupo que gerencia a Vênus Platinada, indicando o na época recém-lançado Kill For Love dos Chromatics — que viria a ser meu segundo álbum favorito de todos os tempos —, mas não fazia ideia que aquele cara com jeito meio hipster era escritor.”
O parágrafo acima, acredite, foi escrito em 2013 (!). Eu tinha 24 anos.
Após retornar de um mochilão pela Europa (Alemanha, República Tcheca, Áustria e Itália), minha primeira viagem fora da América do Sul (em 2007 fui para Buenos Aires de ônibus com o pessoal da faculdade), decidi ser escritor.
Criei um blog, li o que podia dos beatniks, tive pesadelos febris com A metamorfose de Franz Kafka, roubei exemplares da Folha de S.Paulo de um vizinho para ler as crônicas de J.P. Cuenca e dei início a um romance nunca finalizado; Delírios etílicos em Praga, o péssimo título da minha primeira desventura literária.
Lembro do episódio durante a oficina em São Paulo, mas fico com vergonha de contar para J.P. Cuenca (ele, assim como vocês, saberá disso agora).
3.
O personagem principal da minha história era um oficial de chancelaria mitômano e depressivo que sentia-se frustrado por nunca ter sido aprovado no concurso para diplomata4; ele também tinha pretensões artísticas – praticamente um Vinicius de Moraes do Mundo Invertido.
Trabalhei no tal romance por uns dois anos e cheguei a escrever 25 mil palavras. Por conta da frustração com a sua carreira (e dos seus problemas de saúde mental), o personagem, que sonha ser outra pessoa, tem o hábito de mentir em encontros quando o papo chega no inevitável “o quê você faz da vida?”.
Ele conta histórias mirabolantes, cria ou assume identidades. Em um desses encontros, durante uma viagem para Praga, finge ser o escritor João Paulo Cuenca; ele, o personagem, estava lendo O dia Mastroianni; eu, o autor, também. Na mesma noite em que assume a identidade de J.P. Cuenca, o personagem sofre um assalto e bandidos levam o seu passaporte. Um avião cai dias depois e seu nome – o nome verdadeiro, no caso – está na lista de passageiros. Alguém usou o seu documento para morrer5. O personagem agora está livre da sua própria identidade; pode ser quem ele quiser.
Nunca consegui escrever um final para essa história.
4.
Outubro de 2021. Estou no México, mais uma vez bloqueado, dessa vez sem um contrato, mas obcecado com uma ideia de livro que está me impedindo de escrever qualquer outra coisa, quando J.P. Cuenca anuncia uma turma online da sua nova oficina experimental de criação.
Saio dos encontros com uma ideia de formato para uma nova newsletter (Passageiro!), novas referências para o livro que eu estava escrevendo (um livro que começou como crônicas de viagens, mas virou outra coisa; sai em 2025), um mapa para criar o “magma” da ideia pela qual eu estava obcecado (o embrião do que viria a ser Há algo de podre no reino da Tailândia; esse deve sair em 2026).
Conto tudo isso aqui não apenas como uma forma de agradecimento público e para enfatizar o quanto sou fã do escritor e da pessoa João Paulo Cuenca, mas porque tenho três boas novas:
J.P. Cuenca está com inscrições abertas para uma nova turma da sua oficina experimental de criação (as aulas iniciam no próximo dia 27 e restam poucas vagas!);
J.P. Cuenca, finalmente, criou a sua newsletter aqui no Substack. Inscreva-se aqui;
J.P. Cuenca é o convidado do 19º encontro do Clube Passageiro – o primeiro aberto ao público em geral (envie o link para os seus amigos!).
✍️ Quem é J.P. Cuenca
J.P. Cuenca é autor, entre outros, de Corpo presente (2003), O único final para uma história de amor é um acidente (2013) e Descobri que estava morto (2016), eleito o melhor romance do ano pelo Prêmio Literário Biblioteca Nacional e relacionado ao longa-metragem A morte de J.P. Cuenca (2016). Em 2007, foi selecionado pelo Festival de Hay um dos 39 jovens autores mais destacados da América Latina e em 2012 foi escolhido pela revista britânica Granta um dos vinte melhores romancistas brasileiros com menos de 40 anos. Seus livros já foram traduzidos para oito idiomas.
Assine a newsletter do J.P. Cuenca:
🗓️ O que você precisa saber sobre o bate-papo com J.P. Cuenca
Tema: Processo criativo.
Data: segunda-feira, 25 de novembro de 2024.
Horário: 18h de Brasília.
Duração: cerca de 1h30 (diferente dos outros encontros, dessa vez não teremos um workshop propriamente dito, mas um bate-papo, uma espécie de podcast em que eu e vocês seremos os entrevistadores; assinantes pagos podem enviar perguntas em nossa comunidade no Telegram).
Como participar: neste link.
🗓️ Workshop anterior (outubro/2024)
Você sabia que a newsletter Passageiro tem uma playlist com todas as músicas indicadas aqui? Ela é atualizada semanalmente.
Não sei até quando vai a promoção, mas a versão física de Nômade Digital está de R$ 69,80 por R$ 19,90 na Amazon.
Muito específico, eu sei.
Numa coincidência bizarra, J.P. Cuenca publicaria em 2016 o livro Descobri que estava morto, história baseada no caso real de um cadáver que foi identificado com a certidão de nascimento de João Paulo Vieira Machado de Cuenca em um edifício invadido no bairro carioca da Lapa; ou seja, um sujeito usou o documento de J.P. Cuenca para morrer.
espero que um dia você encontre um final para a história do homem que teve a identidade roubada para morrer. fiquei curioso para saber como termina.
Fazemos eco ao Pedro Rabello! A história nos envolveu e agora ficamos com vontade de “quero mais”.😅 Sem pressão, é só para elogiar!🥰