#123 – SeGui a RoTiNa De RiCK RuBiN PoR 24 HoRaS (Só FaLTou uM DeTaLHe)
Por que somos tão obcecados com a rotina de artistas (famosos)?
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Na próxima quinta-feira, 22h de Brasília, recebo , coautora do livro Morre a mulher que não viaja, para um papo sobre escrever viajando; ou viajar escrevendo?; mas não só. O horário pouco usual deve-se ao fato que tanto eu quanto Angela estamos na Ásia – escrevendo e viajando; viajando e escrevendo.
🎧 Para ler ouvindo1: Não sou tão jovem, por (feat. Marcelo Tofani).

📍 Koh Phangan, Tailândia
✍️ Por Matheus de Souza
Escritor e viajante. Autor de Nômade Digital, livro finalista do Prêmio Jabuti.
1.
Rick Rubin, influente produtor musical e autor d’O ato criativo, o livro sobre criatividade mais hypado do momento, acorda sem pressa, senta em posição de lótus no jardim da sua mansão em Malibu para aproveitar o sol da manhã, uma longa caminhada pela praia, alongamentos, um pouco de journaling ao retornar aos seus aposentos.
Rick Rubin evita qualquer tarefa que exija seu foco até perto das 11h; e prefere não pensar em nada relacionado ao seu ofício até concluir suas práticas matinais. Normalmente, Rick Rubin trabalha apenas no período vespertino, entre 13h e 18h; vez ou outra, tira um cochilo durante o expediente; Rick Rubin é um grande adepto do cochilo no meio da tarde.

Rick Rubin é multimilionário; sua fortuna está estimada em 300 milhões de dólares.
2.
Ano passado comecei a escrever um romance (escrevi sete edições extras da newsletter exclusivamente para os assinantes pagos contando os bastidores do processo; a oitava sai ainda esse mês porque eu preciso terminar esse livro). Estava fluindo bem. Minha rotina era simples: fazer um esforço para abrir os olhos antes do sol nascer em Paris e escrever e/ou pesquisar por duas horas a fio antes de I. acordar e eu ser arrastado de volta para a vida real (limpar o apartamento, ir ao mercado, fazer ou comprar o almoço, lavar a louça, tirar o lixo e outras tarefas banais) e o trabalho que paga as contas (produzir conteúdo para as redes sociais, escrever a newsletter, gravar aulas, mentorias, reuniões de projetos que nunca saíram do papel).
Ainda assim, o livro estava indo bem. Mas aí veio o fim; I., Paris, a rotina, o apartamento; e fins só “são do nada” para quem está de fora; antes do final derradeiro, são meses de novas tentativas, meses de novas discussões. A cabeça nisso. Até que (en)fim.
3.
O leitor mais atento deve estar pensando, “mas ele está numa ilha na Tailândia, num paraíso, o livro se passa na Tailândia, é só escrever.”
E o leitor mais atento tem razão, pô. Sou um escritor à beira-mar numa ilha que pessoas do mundo todo procuram para se curar (healing, como diz a turma) através de aulas de ioga, meditação e massagens tântricas – coisas que estão na trama do romance!; e pela minha experiência aqui, às vezes as pessoas saem ainda mais traumatizadas; mas isso é papo pro livro –, basta um pouco de dedicação, um pouco de rotina, um pouco de foco e as coisas vão acontecer naturalmente; e é exatamente por isso que pensei: PoR Que Não ViVeR o aTo cRiaTiVo e SeGuiR a RoTiNa De RiCK RuBiN PoR 24 HoRaS? o Que PoDe DaR eRRaDo?
4.
06h30 – Abro os olhos. O sol acaba de nascer em Koh Phangan. Acordo com o despertador do celular. Dizem que não devemos mexer na por** do celular assim que acordamos, mas cara, são 10h de fuso na frente do Brasil, 5h na frente da França; além da separação, meu pai acaba de receber um transplante de rim (obrigado SUS!; deu tudo certo), preciso dar follow up nos interessados da Mentoria Monetize, os direitos autorais do meu outro livro ainda não caíram (não que seja um grande valor, mas é a primeira vez que rola um atraso), mensagens que enviei foram ignoradas – para diferentes destinatárias.
06h43 – Saio da cama, faço xixi, lavo o rosto, escovo os dentes, bebo água.
06h49 – Volto pra cama e fico no celular.
07h43 – Saio da cama, coloco alguns itens (Kindle, caderno, caneta, canga com estampa de elefantes) na ecobag que ganhei no centro de imprensa das Olimpíadas de Paris, acomodo a ecobag no porta-malas (?) do assento da motinho e decido ir até Secret Beach.
07h56 – No caminho lembro de um café indicado por uma leitora. Fica pertinho da praia. Peço ovos mexidos com torradas e um americano. Não costumo comer tanto assim cedo, fico satisfeito lá pela segunda mordida, mas fico constrangido em deixar comida no prato. Como tudo.
08h14 – Chego na praia. Com dor de barriga. Perco a caneta. Dos itens da ecobag, uso apenas a canga. Ando de um lado para o outro. Gravo um vídeo do mar. Posto nos stories do Instagram. “Sabe viver”, responde um leitor.
08h22 – Minha cabeça não para. Penso em absolutamente tudo relativo ao trabalho; o que quero fazer e o que está atrasado. Penso novamente nas mensagens não respondidas.
08h37 – Lembro que preciso sacar dinheiro.
08h46 – Um cachorro faz cocô ao meu lado.
09h02 – Estou entediado.
09h17 – Decido ir embora para fazer exercícios na academia ao ar livre perto do meu bangalô.
09h39 – Chego na academia ao ar livre.
10h28 – Termino os exercícios.
10h36 – Chego no bangalô. Tomo banho.
11h03 – Pelos cálculos de Rick Rubin, já posso pensar em trabalho – mas sem focar. Decido ir para um café na minha rua. Ver gente.
11h12 – Peço um matcha latte (gelado).
12h49 – Estou procrastinando há mais de uma hora. Que golaço do Gabigol contra o Bahia! Saudades dele no Flamengo!
13h02 – Fico feliz em saber que Filipe Luís rejeitou a proposta do Fenerbahçe.
13h09 – Qual o plural de por do sol? Já usei em outro texto…
13h17 – Almoço. Frango grelhado, purê de batata e salada porque fiz exercícios físicos e isso deve me deixar gostoso.
14h03 – Voltar para o bangalô e tirar um cochilo – dica do Rick Rubin!
16h32 – Não fiz por** nenhuma!!!
16h43 – Caramba, tô bronzeadaço! – existe essa palavra? Se existe, escrevi errado? Decido não pesquisar.
17h18 – Volto pro café.
18h32 – Escrevo um parágrafo do romance.
20h31 – Escrevo um parágrafo da newsletter.
20h46 – DIVULGAR A MENTORIA NO INSTAGRAM.
21h16 – Sacanagem a Hotmart não liberar meu dinheiro na hora.
21h33 – Bá, a pandemia me iludiu legal. Achei que ia ficar rico vendendo curso na Hotmart.
21h39 – Pior que ganhei uma grana boa. Faturei R$ 1 milhão lá. Mas tem uma coisa que sei fazer melhor que ganhar dinheiro: gastar dinheiro. Quer dizer, depende do ponto de vista. “Gastar” é subestimado; gastar é bom (e fácil) demais.
21h49 – Vou abrir uma cerveja, fod*-s*.
21h58 – NADA DOS DIREITOS AUTORAIS. Deve dar o quê? Uns 500 pila? Que merda.
22h19 – Tá faltando algo. Por que o Rick Rubin consegue acordar cedo, pegar sol em posição de lótus, caminhar na praia, se alongar, escrever, tirar uns cochilos e trabalhar?
22h21 – 300. Milhões. De. Dólares.
🧑🎓 Programa de Aceleração para Artistas e Criativos
Essa é a hora que sem embaraço algum eu vendo o meu trabalho; não escrevo essa newsletter por hobby – ela é um meio para fazer meu nome e vender as minhas paradas.
Dito isso, tem novidade na Passageiro Academy que vai te ajudar a tirar suas ideias do papel e/ou aumentar sua presença como Creator – essa palavrinha em inglês para quem cria; para que tem algo a dizer.
Acabo de lançar oficialmente o Programa de Aceleração para Artistas e Criativos – encontros 1:1 feitos sob medida para que você, aí do outro lado da tela, não seja mais um na multidão.
🧑🎓 Cursos com inscrições abertas
✍️ Escrita Criativa
– Desenvolva seu processo criativo e rompa bloqueios mentais – sem o auxílio de inteligência artificial. (infos aqui)
🎒 Escrita de Viagem
– Faça seus leitores viajarem com você. (infos aqui)
🏴☠️ Faça (Você Mesmo)
– Monetize o seu conhecimento e crie um negócio sustentável de uma pessoa só; e sem surtar. (infos aqui)
🧠 Para ler, assistir e ouvir
Hoje não temos dicas porque gastei todas as minhas energias escrevendo esse texto; dessa vez proponho o contrário: o que vocês têm para me indicar?
Você sabia que esta newsletter tem uma playlist no Spotify com todas as músicas indicadas aqui? Pois é. A Rádio Passageiro é atualizada semanalmente.
Ei Matheus, td bem?
Tem algum tempinho que tenho tentado entrar em contato com você.
Já tentei e-mail, DM, telegram.
Tentando por aqui também, gostaria de saber sobre o curso Faça você mesmo, me inscrevi em novembro do ano passado. Podemos conversar para poder alinhar expectativas?
Serei breve. Obg